RELACIONAMENTOS DIFERENTES - O amor não tem idade e nem religião
RELACIONAMENTOS DIFERENTES - O amor não tem idade e nem religião
Data de Publicação: 15 de março de 2025 18:42:00 Uma reflexão sobre relacionamentos intergeracionais e o respeito à diversidade.
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Ilustração; META IA
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Por Antônio Oliveira
As redes sociais têm uma função muito importante nos relacionamentos entre pessoas, instituições e diferentes mundos. Mas, infelizmente, têm sido usadas de forma rasteira, sem ética, para a difusão do mal, da agressão, da ignorância e, o que é pior, do desrespeito à diversidade humana.
É um campo de baixaria, sobretudo no que diz respeito às orientações e identidades sexuais. Os ataques aos homoafetivos são muito comuns e baixos, enquanto outro tipo de ataque, também rasteiro, nas redes sociais, são os direcionados a relacionamentos com diferenças de idade, como se isso fosse uma anormalidade ou uma novidade do século. Esse tipo de relacionamento existe desde os primórdios da sociedade humana e só pode ser considerado condenável em casos de pedofilia. Este tipo de ataque, recheado de deboche e pré-julgamento, leva à insegurança de muitos casais que, com diferenças de idade, se amam e mantêm um relacionamento sério e firme.
Sou um homem maduro, já na terceira idade, mas me sentindo, de forma natural, com uma energia e um estado de espírito muito grandes, que me dão uma perspectiva de vida longa — a menos que Deus queira me levar mais cedo do que eu penso. Após minha separação da mãe de meus filhos — não por desvio moral de nenhum dos dois, diga-se, pois a separação geralmente é ligada a desvios morais de um ou de ambos — já tive três relacionamentos com mulheres bem mais jovens do que eu e de religião diferente. Nenhum deles foi, de um lado ou do outro, um forçamento de barra, mas um acontecimento muito natural que só Deus explica; o ocaso não existe. O que existe é a nossa insegurança e a dificuldade em interpretar os desígnios de Deus. Das três, uma foi um relacionamento rápido; em outra, tivemos um tipo de “namorido” (noivos e morando sob o mesmo teto) e hoje somos grandes amigos, até a ponto de eu me hospedar na casa dela, numa convivência fraterna e respeitosa com ela e com seus filhos. O terceiro, que até inspirou um romance baseado na vida real (Eu, Cecília e uma cadelinha de nome Mirna – o amor não tem idade), foi uma convivência de quase dez anos, colados um ao outro, até que, pela chamada “força do destino”, vivemos juntos, como amigos sob o mesmo teto. Um caso atípico que o contexto do livro explica.
Talvez por ter tido essas experiências, sou muito consultado para opinar sobre essa questão e, até mesmo eu, particularmente, fico horrorizado quando algum casal – seja celebridade ou pessoa humilde – posta algum momento de suas vidas nessas redes; o ataque, o deboche e o pré-julgamento são nojentos e ignorantes. Não constroem, apenas destroem. É verdade que nas redes vemos muitos casos em que os interesses por trás estão evidentes, mas são casos isolados e, diga-se, problema deles. Ninguém tem o direito de se meter na vida alheia sem ser consultado.
E aqui vai minha opinião através deste modesto artigo. A partir do momento em que me descobri gostando de uma mulher bem mais nova do que eu – o último dos três casos -, a princípio achei absurdo e quis recuar, mesmo já tendo visto muitos casos felizes desse tipo de relacionamento. Porém, fui aconselhado por tantas pessoas sensatas que não, que eu não estava vivendo uma novidade.
Nesse interim, lembrei de um casal que conheci no estado da Bahia, lá pelos anos de 1980. Ele, 55 anos, jornalista como eu; ela, estudante, 30 anos mais nova do que ele. Foi o primeiro caso que vi diante de meus olhos. Certa vez, ao visitar esse meu amigo em sua casa, encontrei-o com ela sentada em seu colo, numa cena linda de amor, carinho e ternura.
- Assustado, Antônio? – perguntou-me ele.
- Antônio, ele é meu esposo. Mas é também meu namorado, meu amigo, meu companheiro, meu professor e, devido à sua maior experiência, meu pai – completou a bela esposa de meu colega de trabalho.
Assim, presenciei e conheço pessoalmente, além da mídia, casais de pessoas humildes, de celebridades do mundo político, empresarial e artístico que vivem felizes e formam um casal feliz, com ou sem filhos. Não é o fim do mundo. Muitas mulheres, pelo que capto desses relacionamentos e pelas conversas com amigas, afirmam que a maturidade oferece mais segurança, fidelidade e um relacionamento seguro do que uma relação com jovens inconsequentes que não sabem o que é uma mulher e uma família. Para a mulher que tem filhos, a maturidade a oferece mais segurança e a certeza de que seus filhos serão tão amados quanto ela.
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Charlie Chaplin e sua Oona O'Neill (Foto: Divulgação)
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Por fim, narro aqui um caso dos mais antigos e significativos do mundo, ocorrido no universo do cinema — mas aconteceu na vida real. É o caso do ator norte-americano Charlie Chaplin e sua última esposa, Oona O'Neill, com quem foi casado até a sua morte. Ao pedi-la em casamento, ele, com 53 anos e ela, com 18, disse-lhe:
- Case-se comigo para que eu te ensine a viver e você me ensine a morrer.
Ela respondeu:
- Não, Charlie, vou me casar com você para que me ensine a crescer, e eu te ensine a ser jovem até o fim.
O casal teve oito filhos e viveu junto até que Charlie morreu aos 88 anos. Uma de suas melhores composições musicais, "Candilejas", Chaplin a fez em homenagem a Oona. Eles se casaram em 1943 e permaneceram juntos até a morte de Chaplin em 1977.
É esta a minha opinião, que é subtítulo de um dos meus livros: “O amor não tem idade e nem religião”.
AMOR, RELACIONAMENTOS, DIVERSIDADE, PRECONCEITO, IDADE, RESPEITO.

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